Conheço mais ou menos o trabalho do Leonardo Jardim nos
clubes por onde tem passado: não muito bem – o que torna a análise pouco
credível. Opinião, somente, baseada no que me recordo das suas equipas, do que
li do que foi dizendo ao longo da carreira (nem sempre sabemos com que objectivos)
e do que outros dizem sobre ele (porque, claro, a nossa independência crítica
consiste somente em retemos tudo o que nos é exterior para depois formularmos o
nosso próprio juízo). Se quiser conhecer melhor Leonardo Jardim,
verdadeiramente, o melhor que tem a fazer é ver imediatamente isto.
Porém, e fosse eu o principal decisor (não sou e ainda bem
que não sou), com os dados que tenho (que mais depressa me fariam anunciar a
demissão que tomar esta difícil decisão) não contrataria Leonardo Jardim. Mais
ainda: colocava uns 4/5 treinadores à sua frente. Um deles seria, claramente,
Jesualdo Ferreira. Não é que tenha uma forma de pensar o futebol
particularmente diferente (talvez nem tenha aqui vantagem alguma sobre Jardim),
mas tem um conhecimento do futebol (e de tudo o que envolve o futebol), dos
clubes grandes em Portugal e do Campeonato pouco comuns. E, para além disso, é
um indivíduo que (não deixando de ter ambição) atingiu já um patamar que lhe
permite hoje lidar com os problemas de uma forma pouco comum. A juntar a este
facto o conhecimento que já leva dos jogadores do Sporting (e dos restantes
treinadores, como por exemplo Oceano), seria uma opção muito superior à de
Jardim. Muito.
Haveriam outros treinadores, igualmente, que gostaria mais
de ver em Alvalade. José Peseiro (que tem muitos problemas, sabemo-lo), Carlos Carvalhal
(que seria muito mal visto) e sobretudo Paulo Fonseca agradar-me-iam igualmente
mais. Ao nível de Jardim está para mim, eventualmente, o Pedro Caixinha
(talvez, por já estar disponível, o Jardim seja uma melhor opção que a que
seria o PC) – pouco mais que uma incógnita. Pior que o Jardim seriam ainda assim
(porque também é preciso ver o lado menos negativo da escolha) o Marco Silva,
o Rui Vitória e os restantes técnicos (alguns brasileiros, recordo-me)
entretanto relacionados na imprensa com o Sporting. Não terem sido equacionados
seria um grande sinal – não porque sejam maus (os brasileiros não conheço), mas porque poderia verificar-se
que a nova estrutura do Sporting só teria equacionado os melhores treinadores
disponíveis. Verdade ou ilusão, bastar-nos-á (porque nos tem de bastar) para
já. E mais tarde confirmaremos.
A ideia que tenho de Jardim é, portanto, estranha: sinto que
(dadas inúmeras questões, mas em particular destaque, claro, o trabalho do
Miguel Nunes na análise ao Olympiakos do madeirense) conheço a forma de jogar
das suas equipas, sem fazer ideia do que será o seu Sporting. E sinto a mesma impressão
(por razões diferentes) que comecei a sentir com Domingos quando a equipa caiu:
ou isto corre muito bem, ou corre muito mal. Os jogadores a que Jardim dará o
seu aval (em parceria com a estrutura, presumo) e a forma como o treinador será
“protegido” (aqui, diga-se que entra numa altura que lhe é especialmente
propícia a ter sucesso) definirão muito daquilo que será a sua prestação em
Alvalade. Jefferson, Ghilas, Josué e André Santos seriam boas escolhas no
actual contexto. Nuno Reis e Wilson Eduardo igualmente, embora não tanto.
Carlão seria simplesmente péssimo. A manutenção de Eric Dier, Tiago Ilori,
Rinaudo (há Custódio e há André Leão, há até Adrien Silva e André Santos, mas
no actual momento manter Rinaudo ganha especial importância), André Martins e
André Carrillo são imprescindíveis. Bruma (porque pedirá um salário demasiado
alto e tem pretendentes) e Adrien (porque a sua manutenção obrigaria a uma
renovação imediata do contracto de outros jogadores, entre os quais, claro,
André Martins) são casos complicados. Mas – rumores à parte – resta-nos aguardar
pacientemente a composição do plantel e o anúncio da restante equipa técnica. E
ter sempre uma fé, diferente d dos outros porque respeitadora e humana (no
sentido da manutenção dos pés na terra), crente na dificuldade que será atingir
o terceiro lugar mas, ao mesmo tempo, esperando com ansiedade aquilo que o
Braga e o Paços farão no defeso.
O nosso caminho é, hoje ou amanhã (e será porque tem de ser), o Presente e o Futuro de mãos dadas.